Os Trabalhadores e o Silêncio: Aprendizados do Caso Vladimir Herzog em 1964

Opinião

A frase atribuída ao jornalista Vladimir Herzog, "Não se pode confiar na legalidade burguesa. Perdemos em 64 porque os trabalhadores não reagiram", ressoa significativamente quando analisamos a história do Brasil. Essa reflexão sobre a necessidade de resistência e mobilização ficou marcada em 1968 e se aplica de maneira alarmante ao cenário atual de 2025.

Hoje, vemos uma luta silenciosa e institucionalizada que ameaça os direitos dos trabalhadores. Recentemente, uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu processos relacionados a fraudes na contratação de serviços, limitando o acesso à Justiça para milhares de trabalhadores. Essa manobra suscita preocupações sobre a essência do Direito do Trabalho, que existe para proteger a dignidade do trabalhador e assegurar condições justas de emprego.

Essa decisão destaca uma preocupação maior: a interferência do STF em áreas típicas da Justiça do Trabalho. A suspensão de processos que investigam fraudes em contratos não é uma questão meramente processual; é uma mudança que pode ter impactos profundos na estrutura social do país. Estão sendo redefinidos os direitos sociais dos trabalhadores, o que exigiria uma mobilização coletiva em resposta a essas ameaças.

A comparação histórica é inquietante. Em 1964, a falta de reação dos trabalhadores foi um fator crucial para a derrota das forças democráticas. Atualmente, o STF está cada vez mais assumindo o papel de definir direitos sociais, com uma mobilização insuficiente da sociedade para contrabalançar essas ações. A necessidade de resistência se torna imperativa.

A experiência do passado deve servir como um alerta. Apenas uma mobilização social efetiva poderá evitar o desmonte contínuo do Direito do Trabalho. É essencial que trabalhadores e instituições comprometidas com os direitos sociais realizem uma pressão organizada para defender a Constituição e os direitos que ela protege.

Essas reflexões nos levam a entender que o futuro do Direito do Trabalho não está apenas nas mãos dos tribunais, mas também na capacidade da sociedade de se mobilizar e resistir. Se a história nos ensinar algo, é que a inação pode levar a perdas significativas, levando-nos a afirmar no futuro que "perdemos os direitos trabalhistas porque não reagimos a tempo".

Assim, o desafio se apresenta: é necessário que, diante da atual situação, a sociedade se una para garantir que os direitos trabalhistas sejam respeitados e preservados. A história pode, de fato, registrar uma nova narrativa se a população se mobilizar em defesa de seus direitos.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Back To Top