Meloni Convoca Abstenção: Italianos Decidem o Futuro do Direito à Cidadania e Trabalho em Referendo!

Referendo sobre Cidadania e Leis Trabalhistas na Itália

Atualmente, um adulto estrangeiro de fora da União Europeia não pode solicitar a cidadania italiana antes de residir no país por pelo menos dez anos, a não ser que tenha laços familiares ou se case com um italiano. Um referendo marcado para este domingo e que se estenderá até segunda-feira propõe reduzir esse período para cinco anos, alinhando-se com as práticas de países como Alemanha e França.

Os cidadãos italianos são convocados a votar sobre mudanças nas regras de cidadania e leis trabalhistas. O governo, liderado pela primeira-ministra Giorgia Meloni, se opõe a essas alterações e até incentivou a abstenção no pleito. Os eleitores estarão decidindo sobre cinco referendos que visam rever normas relacionadas à obtenção de nacionalidade e direitos trabalhistas.

Essa proposta partiu de uma campanha apoiada por várias organizações não-governamentais, que acreditam que cerca de 2,5 milhões de pessoas poderiam se beneficiar da reforma. O Partido Democrata, de centro-esquerda, também apoia a iniciativa. Em contraste, Meloni e seu partido, Irmãos de Itália, defendem o controle da imigração. A primeira-ministra considera o sistema atual de cidadania bastante generoso, destacando que a Itália é um dos países europeus que mais concede cidadanias anualmente.

Neste ano, mais de 213.500 pessoas obtiveram a cidadania italiana, um número que dobrou em relação a 2020 e representa cerca de um quinto do total de cidadanias concedidas na União Europeia. A maioria dos recém-naturalizados provém de fora do bloco, com destaque para grupos da Albânia, Marrocos, Argentina e Brasil.

Os partidos que compõem a coalizão direita radical no governo são contrários às propostas e têm incentivado a abstenção para evitar que o referendo atinja o quórum necessário para ser considerado válido. Esta posição tem gerado críticas de partidos da oposição, que veem essa atitude como uma tentativa de suprimir o debate sobre questões relevantes relacionadas aos imigrantes e trabalhadores.

Entre os que apoiam a mudança está o cantor Ghali, que, nascido em Milão e filho de imigrantes tunisianos, expressou seu apoio em redes sociais, ressaltando a importância de votar e reduzir o tempo de residência necessário para a cidadania. Ele compartilhou sua própria experiência de só ter adquirido a cidadania aos 18 anos.

Os defensores da proposta argumentam que a alteração na legislação não só beneficiaria milhões, mas também reconheceria a contribuição dos estrangeiros para a sociedade italiana, ajudando a mitigar o impacto do envelhecimento populacional no país, um dos mais afetados da Europa.

Entretanto, críticos apontam que a administração atual tem evitado discussões públicas sobre o tema, acusando o governo de minimizar a relevância de questões que afetam diretamente a vida de imigrantes e trabalhadores. Recentemente, uma autoridade de comunicações na Itália apresentou queixas contra canais de TV por falta de cobertura equilibrada sobre o assunto.

A abstenção parece ser o resultado mais provável, uma vez que em 29 referendos realizados na Itália desde 1995, apenas quatro conseguiram alcançar o quórum de participação para serem considerados válidos. A expectativa é de que a mobilização dos eleitores faça diferença no resultado deste referendo.

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