
Mãe de Miguel Se Forma em Direito com TCC Impactante sobre Escravidão Doméstica
A Luta de Mirtes Renata Santana de Souza
Aos 38 anos, Mirtes Renata Santana de Souza fez jus ao seu empenho ao concluir o curso de Direito com nota máxima em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). O tema escolhido foi a escravidão contemporânea, com foco nas trabalhadoras domésticas, um assunto que a toca de maneira profunda, dada sua experiência pessoal.
Mãe de Miguel Otávio, que faleceu tragicamente em 2020, Mirtes canalizou sua dor em um impulso pela justiça e transformação social. O TCC, intitulado "Trabalho Escravo Contemporâneo e Direitos Fundamentais", foi escrito em um momento de reflexão, entrememórias e cicatrizes. Em suas palavras, cada linha do trabalho era uma expressão de dor e luta, repleta de emoções.
Mirtes se dedicou a trazer à tona histórias reais de pessoas que enfrentam a escravidão moderna, como os casos de Madalena Gordiano e Sônia Maria. Em seu TCC, ela não apenas discorre sobre o tema, mas também expressa seu próprio sofrimento e resistência. "Escrevi como um ato de denúncia e de memória", afirma.
O curso não era um sonho de Mirtes, mas sim uma necessidade premente de buscar o conhecimento e a força jurídica para enfrentar as injustiças sofridas. Com esse objetivo, ela se lançou no Direito, determinada a lutar contra os diversos abusos e desigualdades que afetam a vida de众 como ela.
A conquista da graduação, especialmente em homenagem a Miguel, simboliza mais do que um objetivo acadêmico: é uma marca de luta e esperança. Mirtes dedicou cada palavra e momento de sua jornada à memória de seu filho, afirmando que todo seu esforço foi por ele.
Atualmente, Mirtes atua como assessora parlamentar na Assembleia Legislativa de Pernambuco e se prepara para o exame da OAB. Além disso, aguarda o julgamento de ações legais relacionadas ao seu caso, que envolvem sua ex-patroa e outras questões ligadas à busca por justiça.
Em relação ao processo judicial, a ex-patroa de Mirtes foi condenada a sete anos de detenção, mas ainda restam recursos pendentes. Alterações ainda estão em andamento nos processos trabalhistas e civis que envolvem danos morais e coletivos.
Ao finalizar essa etapa de sua vida acadêmica, Mirtes enfatiza que suas conquistas não são únicas, mas refletem um esforço coletivo. "Essa nota 10 não é só minha, é de todos que me apoiaram", destaca, reafirmando seu compromisso em continuar a luta.
Mirtes nos mostra que, mesmo diante da dor, é possível transformar experiências difíceis em um impulso positivo, promovendo a justiça e a mudança social. Sua trajetória inspira a todos a lutarem por seus ideais, não apenas por si mesmos, mas por aqueles que não têm voz.