Desvendando a Oresteia: Como o Mito Reflete a Alienação Parental e Suas Implicações no Direito de Família

Este artigo explora a conexão entre a tragédia grega Oresteia, de Ésquilo, e o fenômeno contemporâneo da alienação parental, articulando conceitos de Direito, psicologia e sociologia. Com base na ideia de modernidade líquida, desenvolvida por Zygmunt Bauman, o texto analisa a trajetória de Orestes, um filho que, ao confrontar a verdade, rompe o vínculo com a mãe, resultando em culpa e sofrimento psicológico. Essa narrativa ilustra os impactos da ruptura precoce dos laços afetivos na formação da identidade infantil.

A crescente incidência da alienação parental não é atribuída apenas ao aumento do número de divórcios, mas também à maneira como muitos adultos, imersos em uma lógica consumista e descartável, tratam suas frustrações conjugais. Nesse contexto, as crianças muitas vezes são instrumentalizadas como objetos de validação ou vingança. O texto destaca a urgência de uma intervenção judicial não somente rigorosa, mas também educativa, enfatizando a necessidade de disseminar informações para prevenir a alienação parental.

A Oresteia, escrita no século V a.C., é uma obra fundamental que retrata a transição da vingança para a justiça institucionalizada. A narrativa abrange eventos que se desenrolam após a Guerra de Troia, como o assassinato de Agamenon e a vingança de Orestes contra sua mãe, culminando em seu julgamento pelo Areópago, tribunal criado pela deusa Atena. Mais do que um relato de eventos violentos, a obra de Ésquilo oferece uma rica análise das relações familiares e das consequências da ruptura dos laços parentais.

O artigo reinterpreta simbolicamente a Oresteia para debater a alienação parental, considerando a trajetória de Orestes como um arquétipo de filhos alienados. Essa releitura destaca os dilemas enfrentados por crianças e adolescentes em meio a conflitos parentais. A discussão revela que a alienação parental vai além de um fenômeno jurídico; trata-se de uma questão humana que provoca a destruição do vínculo essencial entre pais e filhos.

Ao traçar paralelos entre a tragédia antiga e os desafios contemporâneos do Direito de Família, o texto procura ilustrar as implicações emocionais da instrumentalização das crianças em litígios parentais. O papel do Judiciário é colocado como mediador simbólico na reparação e restauração das relações familiares, ressaltando a importância de uma abordagem interdisciplinar que una o Direito, a psicologia e a cultura.

Em última análise, entender a alienação parental como um drama ético e humano é fundamental para que o sistema jurídico também se torne um espaço de escuta, reparação e reconstrução dos laços familiares. Aprofundar essa discussão é crucial para construir redes de apoio que ajudem a mitigar os efeitos prejudiciais da alienação parental.

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