
Descubra Como Princípios Jurídicos Podem Proteger Seus Direitos Inesperados!
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Recentemente, especialistas destacaram que a garantia de direitos não previstos em lei, com base em princípios jurídicos, é válida e reconhecida. Este entendimento é reforçado pela Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), que orientou uma decisão significativa da 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A corte decidiu, por unanimidade, permitir a mudança de gênero no registro civil para uma pessoa não binária, invocando o princípio da dignidade humana.
A ministra relatora enfatizou que a ausência de normatização específica não deve deixar as pessoas não binárias sem proteção legal. No caso, um pedido anterior havia sido negado pelo Tribunal de Justiça, que alegou a falta de previsão legal para a adoção do gênero neutro.
Atualmente, em alguns estados, como Rio Grande do Sul e Minas Gerais, é possível alterar o gênero diretamente nos cartórios. Porém, em outros locais, é necessário entrar com uma ação judicial para a retificação do nome e gênero. Apesar de uma decisão do Supremo Tribunal Federal permitir a alteração de nome e gênero para pessoas trans, as que não se identificam com nenhum gênero ainda enfrentam um vácuo jurídico.
O professor Cássio Scarpinella Bueno argumenta que utilizar princípios jurídicos para preencher lacunas na legislação, como foi o caso analisado pelo STJ, está em linha com o artigo 4º da LINDB. Este artigo menciona que, quando a lei é omissa, o juiz deve decidir com base em analogia, costumes e princípios gerais do direito.
Ele também acredita que a decisão da corte superior deverá influenciar outros tribunais. Embora o caso não tenha sido tratado como um recurso repetitivo, sua importância é indiscutível, considerando a missão do tribunal em interpretar corretamente o Direito infraconstitucional.
A decisão do STJ é vista como um avanço para a população trans, e reflete que a Constituição apoia o uso de princípios jurídicos para garantir direitos. Se as leis não conseguem assegurar esses direitos, muitas vezes, há uma omissão legislativa que precisa ser resolvida.
A nova interpretação judicial é um passo importante para inclusão e reconhecimento dos direitos de todos os indivíduos, independentemente de sua identidade de gênero. Esse tipo de desenvolvimento legal é essencial para acompanhar a evolução das demandas sociais e para assegurar que todos possam exercer plenamente seus direitos, conforme estipulado pela Constituição.