Praticante de Candomblé Conquista Asilo nos EUA Após Ser Rótulada de ‘Bruxa’!

A brasileira Silvana de Souza Silva, praticante do Candomblé, obteve esta semana o direito de solicitar asilo nos Estados Unidos, alegando ser vítima de perseguição religiosa. Essa decisão da Justiça americana aconteceu mais de dez anos após o assassinato de seu pai, e também após uma grave ameaça de morte com arma de fogo em 2021, ambos no Brasil, motivados por sua fé.

Os tribunais de imigração dos EUA inicialmente negaram seu pedido de asilo, argumentando que as ameaças que Silvana enfrentou eram meramente discriminação, não justificando o asilo. Contudo, o Tribunal de Apelações do 9º Circuito reavaliou o caso e decidiu, por unanimidade, que as evidências apresentadas eram suficientes para classificar a situação como “perseguição”, condição fundamental para o reconhecimento do direito ao asilo.

O tribunal destacou a presença de “fortes evidências” de assédio e vandalismo sistemático contra Silvana, incluindo a ameaça de morte em sua própria casa. Eles ainda ressaltaram que sua segurança estaria em risco caso ela fosse forçada a retornar ao Brasil, pedindo que o Conselho de Imigração reexamine o caso, levando em conta o contexto de violência que praticantes de religiões de matriz africana enfrentam no país.

Em um comunicado, Silvana expressou sua satisfação com a decisão, embora reconhecesse que ainda há desafios pela frente. Atualmente, ela reside na Califórnia com o marido e um filho de 9 anos, enquanto seus outros dois filhos permanecem com a avó no Brasil.

Silvana vem de uma família católica, mas pratica o Candomblé há mais de duas décadas. Em 2010, seu pai foi assassinado durante uma invasão domiciliar, onde os criminosos se referiram a eles como “bruxos” e “feiticeiros”. Após esse crime, os filhos de Silvana também enfrentaram discriminação na escola, e mensagens de ameaças foram pichadas em sua casa.

O tribunal também mencionou um incidente de setembro de 2021, quando o marido de Silvana recebeu uma proposta de emprego que era, na verdade, uma armadilha. Ela foi confrontada por um invasor armado em sua casa, que exigiu que deixasse o local.

Na negativa inicial do asilo, os juízes argumentaram que Silvana não havia sofrido danos físicos e que poderia se mudar para outra região do Brasil. Entretanto, o Tribunal de Apelações observou que essa análise desconsiderou o contexto de perseguição religiosa no país, enfatizando que cabe ao governo americano demonstrar que ela e sua família estariam seguras caso retornassem.

Essa nova decisão pode representar um marco importante para Silvana e muitos que, como ela, buscam segurança e liberdade para exercer sua fé sem medo de violência.

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